terça-feira, 6 de março de 2012

Texto 5 - Primeiros Anos

Os Persas

O registro mais antigo que se tem dos persas é de 834 a.C., numa inscrição assíria, que fala dos parsua (persas) e dos muddai (medos). Antes de falarmos dos persas, falemos dos medos. No mapa abaixo, a região da Média está em amarelo:


Sabemos que esse povo veio da Ásia Central, e se fixou no Planalto Iraniano por volta do Século VII a.C., e sua capital era Ecbátana. Outras tribos da região, entre elas os persas e os partos, eram tributários dos medos. A Média ficava ao Sul do Mar Cáspio, e era separada da Assíria pelos Montes Zagros (foto abaixo):


Mesmo com essa "barreira natural", os assírios tentaram dominar os medos, por volta do Século VII. Mas, no Reinado de Ciaxares (Século VI a.C.), os medos se uniram, e se tornaram poderosos oponentes dos assírios, e se unindo aos caldeus, acabaram por derrotar seus inimigos. Assim, os medos contribuíram para o surgimento do Segundo Império Babilônico. Abaixo, imagem ilustrativa de Ciaxares:


A esposa de Nabucodonosor, Imperador Babilônico, era Amitis, da Média (filha ou neta de Ciaxares). O próximo Rei da Média foi Astiages, também seu último. O neto de Astiages, Ciro, acabaria destronando-o.

Ciro nasceu por volta do ano 600 a.C. Em 550 a.C., dominou a Média, terra de seu avô. Depois, conquistou a Lídia e finalmente, em 539 a.C., a Babilônia (Mesopotâmia). Foi ele que permitiu que os judeus voltassem para sua terra, em 537 a.C., pondo fim ao Cativeiro da Babilônia. Diferente de tudo que acontecia na época, Ciro era tolerante com os seus súditos, e com suas religiões. Dessa forma, foi admirado por diversos povos. Abaixo, ilustração representando Ciro:


O Império de Ciro se estendeu por diversas regiões, como podemos ver no mapa abaixo:


Seu sucessor foi seu filho, Cambises II. Como os reis persas se diziam descendentes do Rei Aquemênes, essa Dinastia foi chamada de Aquemênida. Ele conquistou o Egito, em 525 a.C., na Batalha de Pelusa. Nela, teria colocado gatos à frente do exército, para que os egípcios não tivessem coragem de atacar. Cambises (abaixo) não era tão gentil como seu pai.


Com a morte de Cambises, em 522 a.C., o trono ficou vago, e um mago, chamado Smerdis, tentou usurpá-lo. Mas Dario, general de Cambises, matou o mago e assumiu ele mesmo o trono, tornando-se Dario I. Ele governou a Pérsia entre 521 e 486 a.C.

Dario administrou seu grande Império, criando províncias, e facilitando o transporte com a construção de estradas. A maior delas, a Estrada Real, tinha 2699 Km, e ligava Sardes a Susa. Um mensagem poderia ser levada de um ponto a outro em apenas sete dias, graças ao sistema de correios criado nesse período.


Segundo o historiador grego Heródoto, havia um lema entre os mensageiros:

"Nem a neve, nem a chuva, nem o calor e nem a escuridão da noite impedem que realizem a tarefa proposta a eles com a máxima velocidade". 


Ele é usado pelos carteiros norte-americanos, até hoje. 


A única frustração de Dario era não conseguir subjugar a Grécia. Ele, e seu filho Xerxes, tentaram por diversas vezes, nas chamadas Guerras Médicas, que veremos na sequência.


Além de Susa, Sardes e Ecbátana, as cidades da Pérsia eram Pasárgada e Persépolis. Abaixo, o túmulo de Ciro, em Pasárgada:





Vou-me Embora pra Pasárgada
Manuel Bandeira

Vou-me embora pra Pasárgada

Lá sou amigo do rei

Lá tenho a mulher que eu quero

Na cama que escolherei


Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada

Aqui eu não sou feliz

Lá a existência é uma aventura

De tal modo inconsequente

Que Joana a Louca de Espanha

Rainha e falsa demente

Vem a ser contraparente

Da nora que nunca tive


E como farei ginástica

Andarei de bicicleta

Montarei em burro brabo

Subirei no pau-de-sebo

Tomarei banhos de mar!

E quando estiver cansado

Deito na beira do rio

Mando chamar a mãe-d'água

Pra me contar as histórias

Que no tempo de eu menino

Rosa vinha me contar

Vou-me embora pra Pasárgada


Em Pasárgada tem tudo

É outra civilização

Tem um processo seguro

De impedir a concepção

Tem telefone automático

Tem alcaloide à vontade

Tem prostitutas bonitas

Para a gente namorar


E quando eu estiver mais triste

Mas triste de não ter jeito

Quando de noite me der

Vontade de me matar

— Lá sou amigo do rei —

Terei a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada.

Texto extraído do livro "Bandeira a Vida Inteira", Editora Alumbramento – Rio de Janeiro, 1986, pág. 90




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