Antes de lermos sobre o Período, vamos analisar a palavra Ditadura:
DITADURA: é um governo regido por uma pessoa ou entidade política onde não há participação popular, ou seja, uma forma de autoritarismo.
No Brasil, já tivemos duas ditaduras: o Estado Novo (1937 a 1945) e a Ditadura Militar (1964 a 1985). Na primeira, quem governou o país foi Getúlio Vargas e na segunda, foram os militares. O povo não elegeu nenhum presidente, nestes períodos, e também houve censura, nos dois. A ausência de votos (e partidos políticos), bem como a censura, são características de ditaduras.
A Ditadura Militar (alguns chamam de cívico-militar porque dizem que houve participação de civis, nessa Ditadura, apesar dos presidentes serem militares) durou 21 anos, começando em 1964, quando o então Presidente João Goulart foi para o Uruguai e os militares ocuparam o cargo. O primeiro foi o Marechal Castelo Branco:
26) Humberto de Alencar Castelo Branco (1897/1967): nascido no Ceará, ele governou o Brasil de 1964 a 1967 e foi um dos organizadores do Golpe de 1964, que afastou do poder o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) e o Presidente João Goulart. Ainda no início de seu Governo, foi assinado o Ato Institucional 1 ou AI-1 (9 de Abril de 1964). Nele, o Golpe de 64 foi chamado de "revolução" e foram cassados os direitos políticos de 102 cidadãos por dez anos, entre eles os ex-presidentes João Goulart, Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros, governadores, deputados, senadores e outros. No ano seguinte, em 27 de Outubro de 1965, foi assinado o Ato Institucional número 2 (AI-2), que acabou com o pluripartidarismo (vários partidos) e instituiu apenas dois: a Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), para que parecesse uma democracia. Mas, o povo apelidou de partido do "sim" e do "sim, senhor". Pelo AI-2, também, o Governo poderia demitir funcionários concursados, tirar prefeitos e governadores de seu cargo, e até fechar o Congresso, se quisesse.
Em 5 de Fevereiro de 1966, Castelo Branco assinou o AI-3. Por ele, ficou decidido que as Assembleias Legislativas é que escolheriam os governadores e vice-governadores de cada Estado, e os governadores é que escolheriam os prefeitos. E, em 7 de Dezembro de 1966, assinou o AI-4, que convocava o Congresso Nacional para criar uma nova Constituição e eliminar a Constituição de 1946. A Constituição de 1967 foi promulgada em 24 de Janeiro de 1967, pouco mais de um mês depois do AI-4:
Essa Constituição incorporou o AI-1, o AI-2, o AI-3 e o AI-4, entre outras leis. Logo depois, em 15 de Março de 1967, foi aprovada a Lei de Segurança Nacional (Decreto-Lei 314), que punia com pena de 5 a 20 anos quem tentasse "entregar" o Brasil a outro país (no caso, a União Soviética) e de 5 a 15 anos para quem tentasse "planejar" algo contra o Brasil, com outra nação, por exemplo. Era a Guerra Fria entrando no Brasil, através das leis feitas pelos militares.
Ainda em 1966, houve um atentado terrorista contra o Ministro da Guerra, o Marechal Costa e Silva, mas fracassou. Os estudantes também começaram a protestar, e alguns políticos formaram a Frente Ampla, contra a Ditadura. Tudo isso contribuiu para o endurecimento do regime militar contra a oposição, que eles chamavam de "terroristas" e "subversivos".
Nessa época, também começaram os festivais da canção, programas de televisão que escolhiam a melhor canção do ano. Neles, os músicos começaram a apresentar canções de protesto, contra a Ditadura. Alguns exemplos:
No Festival Internacional da Canção (FIC), da Rede Globo, a canção vencedora foi Sabiá, de Tom Jobim (1927/1994) e Chico Buarque. Mas o público "elegeu" Pra Não Dizer que Não Falei das Flores" ou "caminhando e Cantando', de Geraldo Vandré, como "música do ano' e "hino Contra a Ditadura":
Em 31 de Agosto de 1969, Costa e Silva teve um AVC, falecendo em 17 de Dezembro daquele ano. Ainda em 31 de Agosto, foi "eleita" uma Junta Governativa Provisória, composta pelos três ministros militares: o Almirante Augusto Rademaker (1905/1985), o General Aurélio de Lira Tavares (1905/1998) e o Brigadeiro Márcio de Sousa Melo (1906/1991). Eles governaram o Brasil de 31 de Agosto até 30 de Outubro de 1969, quando foi "eleito" Emílio Garrastazu Médici.
28) Emílio Garrastazu Médici (1905/1985): governou o Brasil de 1969 a 1974. Foi o período do "Milagre Brasileiro" e dos "Anos de Chumbo", segundo alguns historiadores.
Milagre Econômico: entre 1969 e 1973, a economia brasileira progrediu muito, sendo que o PIB (Produto Interno Bruto) subiu de 9,8% em 1968 para 14% em 1973, enquanto a inflação diminuiu, de 19,46% em 1968 para 15,6% em 1973. Por outro lado, houve aumento da dívida externa, da concentração de renda e da desigualdade social. E, com a vitória do Brasil da Copa do Mundo de 1970, foi criado um clima ufanista (elogio exagerado) no país, com slogans como "Brasil: Ame-o ou Deixe-o" e "Ninguém Segura Esse País". Foi a época de canções como Eu Te Amo Meu Brasil e Pra Frente Brasil:
Pra Frente Brasil (1970): https://www.youtube.com/watch?v=8_T7ti1T_F0
Eu Te Amo Meu Brasil (1970): https://www.youtube.com/watch?v=Q0_9sW8Jf_g
Anos de Chumbo: essa expressão foi utilizada em várias partes do mundo, depois de 1968, e significa um período ruim, de repressão, bem diferente de "anos dourados", por exemplo. No Brasil, esse nome foi dado ao período em que Médici governou, pois a violência aumentou, de ambos os lados: a esquerda organizou-se em grupos armados, sequestrando embaixadores e assaltando bancos, para libertar presos políticos e conseguir dinheiro para suas ações, enquanto a direita (o Governo) prendia cada vez mais pessoas, levando-as para os quarteis, torturando-as e impondo a censura aos meios de comunicação, para que ninguém soubesse o que acontecia (assistia-se telenovelas e jogos de futebol, enquanto que outras notícias eram vetadas). Abaixo, as atrizes Eva Todor, Tônia Carrero, Eva Wilma, Leila Diniz, Odete Lara e Norma Bengell, ainda em 1968, numa passeata contra a Ditadura:
Ainda no Governo Médici, foram criados o Programa de Integração Social (PIS) e o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP), foi construída a Rodovia Transamazônica (1972) e a Ponte Rio-Niterói (1974), entre outros.
29) Ernesto Beckmann Geisel (1907/1996): foi Chefe da Casa Militar no Governo Castelo Branco e Presidente da Petrobras no Governo Médici, enquanto seu irmão Orlando Geisel (1905/1979) era Ministro do Exército. E foi com influência do irmão que Geisel tornou-se sucessor ao cargo de Médici, vindo a governar o Brasil entre 1974 e 1979. Em seu Governo, foi feita a música Este É Um País que Vai Pra Frente (1976):
Este É Um País...(1976): https://www.youtube.com/watch?v=e7XxZCtPupk
Nos Anos 70, a Censura proibia não só notícias políticas, mas tudo que fosse considerado como "subversivo", como questões familiares, sociais, educacionais, etc. Mesmo assim, algumas músicas conseguiam "passar a sua mensagem":
a) Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos (1971), onde Roberto Carlos (1941/) homenageava Caetano Veloso, que estava no exílio: https://www.youtube.com/watch?v=dV0DuGia2lE
b) Como Nossos Pais (1976): nessa canção, Elis Regina (1945/1982), que havia sido "enterrada" por Henfil (1944/1988) em 1972, fazia seu protesto à Ditadura: https://www.youtube.com/watch?v=2qqN4cEpPCw
28) Emílio Garrastazu Médici (1905/1985): governou o Brasil de 1969 a 1974. Foi o período do "Milagre Brasileiro" e dos "Anos de Chumbo", segundo alguns historiadores.
Milagre Econômico: entre 1969 e 1973, a economia brasileira progrediu muito, sendo que o PIB (Produto Interno Bruto) subiu de 9,8% em 1968 para 14% em 1973, enquanto a inflação diminuiu, de 19,46% em 1968 para 15,6% em 1973. Por outro lado, houve aumento da dívida externa, da concentração de renda e da desigualdade social. E, com a vitória do Brasil da Copa do Mundo de 1970, foi criado um clima ufanista (elogio exagerado) no país, com slogans como "Brasil: Ame-o ou Deixe-o" e "Ninguém Segura Esse País". Foi a época de canções como Eu Te Amo Meu Brasil e Pra Frente Brasil:
Pra Frente Brasil (1970): https://www.youtube.com/watch?v=8_T7ti1T_F0
Eu Te Amo Meu Brasil (1970): https://www.youtube.com/watch?v=Q0_9sW8Jf_g
Anos de Chumbo: essa expressão foi utilizada em várias partes do mundo, depois de 1968, e significa um período ruim, de repressão, bem diferente de "anos dourados", por exemplo. No Brasil, esse nome foi dado ao período em que Médici governou, pois a violência aumentou, de ambos os lados: a esquerda organizou-se em grupos armados, sequestrando embaixadores e assaltando bancos, para libertar presos políticos e conseguir dinheiro para suas ações, enquanto a direita (o Governo) prendia cada vez mais pessoas, levando-as para os quarteis, torturando-as e impondo a censura aos meios de comunicação, para que ninguém soubesse o que acontecia (assistia-se telenovelas e jogos de futebol, enquanto que outras notícias eram vetadas). Abaixo, as atrizes Eva Todor, Tônia Carrero, Eva Wilma, Leila Diniz, Odete Lara e Norma Bengell, ainda em 1968, numa passeata contra a Ditadura:
Ainda no Governo Médici, foram criados o Programa de Integração Social (PIS) e o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP), foi construída a Rodovia Transamazônica (1972) e a Ponte Rio-Niterói (1974), entre outros.
29) Ernesto Beckmann Geisel (1907/1996): foi Chefe da Casa Militar no Governo Castelo Branco e Presidente da Petrobras no Governo Médici, enquanto seu irmão Orlando Geisel (1905/1979) era Ministro do Exército. E foi com influência do irmão que Geisel tornou-se sucessor ao cargo de Médici, vindo a governar o Brasil entre 1974 e 1979. Em seu Governo, foi feita a música Este É Um País que Vai Pra Frente (1976):
Este É Um País...(1976): https://www.youtube.com/watch?v=e7XxZCtPupk
Nos Anos 70, a Censura proibia não só notícias políticas, mas tudo que fosse considerado como "subversivo", como questões familiares, sociais, educacionais, etc. Mesmo assim, algumas músicas conseguiam "passar a sua mensagem":
a) Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos (1971), onde Roberto Carlos (1941/) homenageava Caetano Veloso, que estava no exílio: https://www.youtube.com/watch?v=dV0DuGia2lE
b) Como Nossos Pais (1976): nessa canção, Elis Regina (1945/1982), que havia sido "enterrada" por Henfil (1944/1988) em 1972, fazia seu protesto à Ditadura: https://www.youtube.com/watch?v=2qqN4cEpPCw
Geisel começou a fazer uma lenta abertura no regime ditatorial, enfrentando o grupo "linha dura", que ainda queria que a Ditadura durasse mais. Em seu Governo, o Estado da Guanabara fundiu-se ao Rio de Janeiro (1975), o Mato Grosso foi dividido, e surgiu o Mato Grosso do Sul (1977), o Brasil reatou relações com a China, foi extinto o AI-5 (1978) e teve início a construção de Itaipu (1975), entre outros fatos.
30) João Baptista de Oliveira Figueiredo (1918/1999): foi o último Presidente do Regime Militar e deu continuidade à abertura, iniciada por Geisel. Governou o Brasil de 1979 a 1985 e, entre suas medidas, acabou com o bipartidarismo (dois partidos), sendo que o MDB virou PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) e a ARENA virou PDS (Partido Democrático Social), além do PDT (Partido Democrático Trabalhista), PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) e o PT (Partido dos Trabalhadores), todos criados entre 1979 e 1981. Mas, nas eleições para governador, em 1982, 12 eram do PDS (governista), 9 eram do PMDB e apenas um era do PDT: Leonel Brizola (1922/2004), cunhado de João Goulart, eleito Governador do Rio de Janeiro (1983 a 1987).
Por outro lado, o Governo de João Figueiredo sofreu com o aumento do petróleo e da inflação, teve que fazer empréstimos no FMI (Fundo Monetário Internacional) e redução da renda per capita, fatores que ajudaram a derrubar a Ditadura. Em 1983 e 1984, houve o Movimento pelas Diretas Já, para que a população pudesse votar para Presidente, mas sem sucesso: nas eleições de 1985, Tancredo Neves (1910/1985) foi eleito de forma indireta, mas morreu antes de tomar posse, e quem assumiu o cargo foi seu Vice, José Sarney (1930/).
Nos Anos 80, houve um movimento de bandas e cantores, relacionado ao Rock'n'Roll, que ficou conhecido como Rock Anos 80 (além da MPB), com músicas de protesto, como nos Anos 60. Algumas delas:
Nenhum comentário:
Postar um comentário