Feudalismo foi o sistema político, econômico e social que predominou na Europa Ocidental (região onde era o Império Romano do Ocidente), durante a Idade Média.
SISTEMA: conjunto das instituições econômicas, morais, políticas de uma sociedade, a que os indivíduos se subordinam. Exemplos: Sistema Feudal, Sistema Capitalista e Sistema Socialista.
O Sistema Feudal ou Feudalismo evoluiu lentamente até se tornar o modelo dominante na Europa, e sua maior característica foi a concentração do poder na mão de uma aristocracia rural, os senhores feudais, que controlava a população pela força militar e pelas leis e regras, com apoio da Igreja Católica, que não permitia a presença de outras religiões. Assim, a sociedade feudal dividia-se da seguinte forma:
Você deve ter percebido que o Feudalismo não existia, no Império Romano. Ele surgiu, na Idade Média, com a fusão de costumes dos povos germânicos (germanismo), com costumes romanos (romanismo) e religiosos (Cristianismo). Vimos isso na Atividade 1. Mas, é importante lembrar que essas mudanças levaram cerca de três séculos, para ocorrer.
De todos os reinos feudais, o mais duradouro foi o dos francos (Reino Franco ou Império Carolíngio, Atividade 1). Por volta do Século IX, seu poder era tão grande que alguns acreditavam na possibilidade de o Império Romano do Ocidente voltar a surgir.
Duas características romanas que chegaram ao fim, no Feudalismo, foram a população urbana e a mão-de-obra escrava. No Feudalismo, a maior parte da população passou a viver na zona rural, onde era mais fácil escapar de invasores. Além disso, os habitantes não eram escravos, e sim servos ou vassalos. O servo não era uma mercadoria que pudesse ser comprada ou vendida, mas estava "preso" à terra por laços de fidelidade ao senhor feudal, também chamado de suserano.
Então, chegamos ao feudo, que era a unidade básica do Sistema Feudal. Feudo era uma região de terras, que o Rei "emprestava" para o Senhor Feudal, que o administrava. E, todos que viviam no feudo, deviam obrigações ao Senhor Feudal, ou seriam expulsos dessa região, que tinha tamanhos variados. Abaixo, o modelo de um feudo:
Alguns elementos eram comuns aos feudos:
1) Castelo: no início, os castelos eram a moradia do Senhor Feudal e sua família, e eram feitos de madeira. Mas, como eles deviam dar proteção ao povo que vivia ao redor, o castelo tinha que ser grande para todos se refugiarem, bem como os animais. E, castelos de madeira podiam ser queimados. Assim, os castelos passaram a ser feitos de pedras, e com torres de vigia, caso o inimigo se aproximasse. Também haviam fossos, para dificultar uma possível invasão. Abaixo, o chateau (castelo, em francês) Najac, na França:
2) Mansos: as terras do feudo distribuíam-se da seguinte forma:
a) Manso senhorial: representava cerca de um terço da área total e nela os servos e vilões trabalhavam alguns dias por semana. Toda produção obtida nessa parte da propriedade pertencia ao senhor feudal;
b) Manso servil: área destinada ao usufruto dos servos. Parte do que era produzido ali era entregue como pagamento ao senhor feudal;
c) Terras comunais: era a parte do feudo usada em comum pelos servos e pelos senhores. Destinava-se à pastagem do gado, à extração de madeira e à caça, direito exclusivo dos senhores.
Os servos/vassalos tinham que pagar impostos, com o que produziam ou com trabalho. Os principais impostos eram:
a) Corveia: trabalho compulsório nas terras do senhor (manso senhorial) em alguns dias da semana;
b) Talha: parte da produção do servo deveria ser entregue ao nobre, geralmente um terço da produção;
c) Banalidade: tributo cobrado pelo uso de instrumentos ou bens do feudo, como o moinho, o forno, o celeiro, as pontes e estradas;
d) Capitação: imposto pago por cada membro da família (por cabeça);
e) Tostão de Pedro ou Dízimo: 10% da produção do servo era pago à Igreja, utilizado para a manutenção da capela local;
f) Censo: tributo que os vilões (pessoas livres, vila) deviam pagar, para a nobreza;
g) Taxa de Justiça: os servos e os vilões deviam pagar para serem julgados no tribunal do nobre;
h) Formariage: quando o nobre resolvia se casar, todo servo era obrigado a pagar uma taxa para ajudar no casamento, regra também válida para quando um parente do nobre iria casar. Todo casamento que ocorresse entre servos deveria ser aceito pelo suserano;
i) Mão Morta: era o pagamento de uma taxa para permanecer no feudo da família servil, em caso do falecimento do pai ou da família;
j) Albergagem: obrigação do servo em hospedar o senhor feudal caso fosse necessário.
Um religioso, Aldeberón de Laon (947/1030), escreveu o seguinte, sobre a sociedade medieval:
A casa de Deus, que acreditam una, está, portanto, dividida em três: uns oram, outros combatem, outros, enfim, trabalham. Essas três partes que coexistem não suportam ser separadas; os serviços prestados por uma são a condição das obras das outras duas; cada uma por sua vez encarrega-se de aliviar o conjunto… Assim a lei pode triunfar e o mundo gozar da paz.
Para ele, haviam três grupos: os oratores (membros da Igreja), que deveriam orar por todos, os bellatores (senhores feudais, nobreza), que deveriam lutar por todos, e os laboratores (o povo) que deveriam cuidar do sustento de todos. Essa sociedade, segundo ele, foi definida por Deus, e deveria manter-se assim, sempre. Por isso, dizemos que essa sociedade era estamental, sem mobilidade. Na França, ela só desapareceu depois da Revolução Francesa (1789) e na Rússia, somente depois da Segunda Guerra, com a Revolução Russa (1917).
Para finalizar, vamos saber como era a vida num castelo medieval ou feudal (Fonte: texto da Superinteressante, escrito por Roberto Navarro, em 2011):
1. ALMOÇO ANIMADO
Geralmente situado no andar superior, o salão era um ambiente escuro, enfumaçado e úmido, com pequenas janelas sem vidro. Durante o dia, o local virava sala de refeições, ocasionalmente acompanhadas por espetáculos de artistas ou trovadores a que os servos também podiam assistir. À noite, o lugar se transformava em dormitório dos criados;
2. COZINHA RÚSTICA
A cozinha era afastada dos cômodos principais para evitar incêndios. No forno central de fogo aberto, a comida era cozida em caldeirões e as carnes assadas em espetos de ferro. lado de fora, ficavam gaiolas com aves e outros animais para o abate. O cardápio do senhores era farto em pão de boa qualidade, carne e bebidas alcoólicas, especialmente vinho e cerveja;
3. ESTOQUE CHEIO
Em alguns castelos, um cômodo construído no andar térreo servia de armazém de provisões, como trigo (usado para fazer pão) e malte (cerveja). O estoque de alimentos incluía ainda carnes conservadas por salgamento, queijos e sacas de vagens, feijões, favas e grãos moídos, como farinha;
4. REZA DIÁRIA
Localizada perto do salão principal, a capela podia ser dividida em dois andares: no piso superior ficava a família do senhor do castelo, enquanto os servos rezavam na parte de baixo. Às vezes, capelas menores eram construídas num subterrâneo do castelo. As missas aconteciam todas as manhãs
5. SONO REAL
O principal móvel do quarto do senhor e sua dama era uma grande cama de madeira, com um trançado de tiras de couro que sustentava o colchão de penas. As roupas eram guardadas em arcas ou penduradas em pinos na parede. No início do dia, o quarto era varrido pelas camareiras, enquanto os senhores lavavam o rosto em bacias com água;
6. LÍQUIDO PRECIOSO
Era indispensável que o castelo ficasse perto de uma fonte subterrânea de água para garantir o abastecimento de toda a construção. Além do poço central, localizado no interior das muralhas, reservatórios recolhiam a água da chuva que caía no teto do castelo. Depois, o líquido seguia para os andares inferiores por encanamentos de chumbo;
7. PRIVILÉGIO NOJENTO
Como os dois únicos banhos anuais aconteciam em tinas portáteis levadas para o quarto do senhor, o banheiro tinha só uma privada, exclusiva dos nobres – os outros precisavam se se aliviar fora das muralhas ou em penicos. Mas o “troninho” não era nada higiênico: os dejetos seguiam em uma canaleta de pedra até a parede do castelo, de onde a sujeira escorria até um fosso;
8. VISÃO SEGURA
A maioria das fortificações contava com uma torre, feita inicialmente de madeira e mais tarde de pedra, com vários andares e formato retangular. O local, que servia como posto para os sentinelas que vigiavam as vizinhanças, era também usado como alojamento para servos e soldados, além de ser o último refúgio no caso de o castelo ser invadido.
QUESTÕES
1) (Enem 2015) A casa de Deus, que acreditam una, está, portanto, dividida em três: uns oram, outros combatem, outros, enfim, trabalham. Essas três partes que coexistem não suportam ser separadas; os serviços prestados por uma são a condição das obras das outras duas; cada uma por sua vez encarrega-se de aliviar o conjunto… Assim a lei pode triunfar e o mundo gozar da paz.
ALDALBERON DE LAON, In: SPINOSA, F. Antologia de textos históricos medievais. Lisboa: Sá da Costa, 1981.
A ideologia apresentada por Aldalberon de Laon foi produzida durante a Idade Média. Um
objetivo de tal ideologia e um processo que a ela se opôs estão indicados,
respectivamente, em:
a) Justificar a dominação estamental / revoltas camponesas ( )
b) Subverter a hierarquia social / centralização monárquica ( )
c) Impedir a igualdade jurídica / revoluções burguesas ( )
d) Controlar a exploração econômica / unificação monetária ( )
e) Questionar a ordem divina / Reforma Católica ( )
2) Após ler como era a vida num feudo e num castelo, escreva um texto fictício, onde você é um (a) personagem medieval, e como seria um dia em sua vida:
MEU DIA DE...
QUESTÃO OPCIONAL: nessa Questão Opcional, você irá conhecer uma das artes mais relacionadas aos religiosos medievais: fazer ILUMINURAS! Leia o texto e responda às duas perguntas:
a) O que eram Iluminuras?
b) Como elas eram feitas?
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