Relembrando: a República foi criada, no Brasil, em 1889. Desde então, tivemos a República Velha (1889 a 1930) e a Era Vargas (1930 a 1945). Os Presidentes da República Velha pouco fizeram, no sentido de melhorar a vida da população e, entre outros, esse foi um dos motivos do Tenentismo, nos Anos 20, e da Revolução de 30, quando Getúlio Vargas (1882/1954) assumiu o poder.
Enquanto isso, o mundo sofria grandes mudanças: a Primeira Guerra Mundial (1914 a 1918), a Revolução Russa (1917) e a Gripe Espanhola (1918 a 1919), entre outras. O resultado dessas mudanças foi a diminuição do poder da Europa, o crescimento dos regimes totalitários (Nazi-Fascismo, Stalinismo, etc.) e o crescimento do poder dos Estados Unidos e da União Soviética (antiga Rússia).
Entretanto, o desenvolvimento dos Estados Unidos foi bloqueado pela Quebra da Bolsa de Valores de New York, em 1929. Imediatamente, aquele país entrou numa profunda recessão, e arrastou quase todos os países com ele, inclusive o Brasil (a exceção foi a União Soviética, que não estava atrelada ao Capitalismo). Essa recessão chegou à Europa, e foi um dos motivos do crescimento do Nazi-Fascismo, com a adesão da Espanha (Franquismo) e de Portugal (salazarismo).
Aqui no Brasil, Getúlio Vargas conseguiu ficar 15 anos no poder, flertando com os regimes totalitários europeus, e dividindo seus inimigos, para poder governar. Historicamente, dividimos seu governo em três partes: Governo Provisório (1930 a 1934), Governo Constitucional (19134 a 1937) e Estado Novo ou Governo Ditatorial (1937 a 1945). Abaixo, uma charge que mostra bem as fases do período conhecido como Era Vargas:
Nesse período, Vargas enfrentou a Revolução Constitucionalista de São Paulo (1932), fez duas Constituições para o país (1934 e 1937), enfrentou a Intentona Comunista (1935), criou os ministérios do Trabalho, da Educação e da Saúde, entre outros, incentivou o rádio como veículo de comunicação e agregação da nação, fez uma ditadura de oito anos, chamada de Estado Novo (usando como desculpa um documento falso, o Plano Cohen), e quase levou o Brasil à guerra, do lado dos alemães e italianos, entre outras coisas. Mas, ao final desse período, acabou sendo obrigado a renunciar, já que não tinha lógica ter enviado mais de 25 mil soldados para a Europa, lutar pela liberdade, e manter uma ditadura, por aqui...Dessa forma, acabou a Era Vargas e, na verdade, um período do Século XX: Hitler e Mussolini estavam mortos, Roosevelt também morreu pouco antes do fim da Guerra, Churchill saiu do Governo, Vargas renunciou, e logo se formaram vários partidos, para pleitear o cargo de Presidente da República, a partir de 1946:
Começava, assim, o Período Democrático (1946 a 1964), em que o Brasil foi governado pelos seguintes Presidentes:
17º - Getúlio Vargas (1882/1954): após ficar um período afastado, no Rio Grande do Sul, Vargas retornou à Presidência, nos braços do povo, como um legítimo populista (aquele que age com o "povo", e contra as "elites"), para governar no período 1951 a 1956. Mas, neste novo período, ele enfrentou muita oposição, de diversos setores da sociedade. A situação piorou, quando seu Ministro do Trabalho, João Goulart (1919/1976) deu um aumento de 100% para os trabalhadores, e Vargas criou a Petrobrás (ambos em 1953). Essas, e outras medidas, foram aumentando a oposição contra o Presidente, e seu principal "acusador" era o jornalista Carlos Lacerda (1914/1977) que, diariamente, o atacava, com manchetes em seu jornal Tribuna da Imprensa. Mas, em 5 de Agosto de 1954, tentaram assassinar Carlos Lacerda, e acabaram assassinando o Major Rubens Florentino Vaz (1922/1954), que o acompanhava. Uma rápida investigação chegou a Gregório Fortunato (1900/1962), que era segurança de Vargas. A partir desse fato, começaram a exigir a renúncia de Vargas que, sob pressão, cometeu suicídio, em 24 de Agosto de 1954;
18º - João Café Filho (1899/1970): Café Filho era o Vice de Vargas mas, quando aumentou a pressão contra ele, tentou dar um golpe, dizendo que se Vargas renunciasse, também renunciaria. Mas Tancredo Neves (1910/1985), que era Ministro da Justiça, alertou Vargas sobre um possível golpe. Quando Vargas afirmou que não renunciaria, Café Filho afirmou que não lhe devia mais fidelidade. E, quando Vargas cometeu suicídio, o Vice assumiu a Presidência, de Agosto de 1954 a Novembro de 1955. Nesse período, ocorreram novas eleições, e a dupla vitoriosa foi o mineiro Juscelino Kubitschek de Oliveira (1902/1976) e o gaúcho João Goulart, que já era mal visto pelos mesmos opositores de Vargas. O candidato apoiado por Café Filho era Juarez Távora (1898/1975), que havia sido Tenente (década de 20) e apoiara Vargas, na Revolução de 30. Vendo que seu candidato não venceu, Café Filho alegou problemas de saúde, e afastou-se da Presidência.
21º - Juscelino Kubitschek de Oliveira (1902/1976): mais conhecido por JK, esse mineiro de Diamantina foi médico da Polícia Militar, antes de enveredar pela política. Foi Prefeito de Belo Horizonte, Deputado Federal por Minas Gerais, Governador de Minas Gerais e Senador por Goiás, antes de se candidatar à Presidência da República. Foi eleito em 1955, mas os inimigos políticos de Vargas e João Goulart (seu Vice) não queriam que ele assumisse a Presidência, como já vimos anteriormente. Graças ao General Henrique Teixeira Lott, JK e Jango assumiram a Presidência em 31 de Janeiro de 1956 e ficaram até 31 de Janeiro de 1961. Em seu Governo, JK lançou o Plano de Metas, cujo slogan era "50 Anos em 5". Eram 30 metas, divididas em energia, transporte, alimentação, indústria de base e educação. Mas, a maior meta era construir uma nova capital para o Brasil, em Goiás. Assim, em 21 de Abril de 1960, foi inaugurada a cidade de Brasília.
22º - Jânio Quadros (1917/1992): começou a governar em 1961, e fez muitas coisas estranhas: queria proibir brigas de galo, maiô em concurso de miss, deu uma condecoração para um líder comunista (Ernesto "Che" Guevara), e tudo isso só espantava e irritava os empresários e outros setores da sociedade brasileira. E ele queria mais poder. Então, pensou o seguinte: se dissesse que iria renunciar, os políticos não aceitariam, porque não iriam querer João Goulart como Presidente. Aí, ele pediria maiores poderes, para governar. E pensando assim, pediu sua renúncia com um bilhete, sete meses depois de começar a governar. O que ele não imaginava, é que sua renúncia seria aceita. E assim, acabou seu mandato.
Muitos militares exigiram providências mas, como não receberam apoio, começaram a planejar um golpe contra Jango. Enquanto isso, o Presidente decidiu anunciar as Reformas de Base, num discurso, em 13 de Março de 1964. Na foto abaixo, ele e sua esposa, a Primeira Dama Maria Thereza Goulart (1936/):
Em resposta, foi organizada a Marcha da Família com Deus pela Liberdade (19 de Março), por setores que eram contrários às ideias do Presidente, e que levaram cartazes e faixas com frases como "Vermelho bom, só o batom", "Um, dois, três, Jango no xadrez", "Abaixo os imperialistas vermelhos" e "Verde e amarelo, sem foice nem martelo". Ela ocorreu em São Paulo, e reuniu entre 500 e 800 mil pessoas.
No dia 28 de Março, os fuzileiros navais e marinheiros fizeram uma revolta, e João Goulart recusou-se a punir os revoltosos. No dia 30 de Março, o Presidente fez um discurso, no Automóvel Clube do Brasil, denunciando que havia uma forte pressão contra o Governo.
QUESTÕES
a) Podemos notar que, no período de 1946 a 1964, os presidentes Vargas, JK, Jânio e Jango foram muito criticados (na Ditadura Militar, tiveram seus direitos políticos cassados). Faça uma análise dos porquês dessa animosidade com eles:
b) No período estudado, duas datas merecem destaque: 24 de Agosto de 1954 e 31 de Março de 1964. O que aconteceu nestas datas? Explique o contexto de cada uma:
QUESTÃO OPCIONAL: leia o texto O movimento estudantil, da ditadura de Vargas à ditadura militar (Link abaixo) e responda às duas questões abaixo:
Link: https://ensinarhistoriajoelza.com.br/movimento-estudantil-da-ditadura-de-vargas-a-ditadura-militar/
a) O que é a UNE, e qual o seu papel, na época das ditaduras (1937 a 1945 e 1964 a 1985)?
b) Na sua opinião, qual a importância dos estudantes, nos períodos históricos identificados como ditaduras?
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