segunda-feira, 21 de setembro de 2020

SEGUNDOS ANOS - ATIVIDADE 3 (TERCEIRO TRIMESTRE) - O ILUMINISMO

O Iluminismo, também conhecido como Ilustração, foi um movimento intelectual e filosófico, que ocorreu no Século XVIII, que ficou conhecido como Século das Luzes. Após o período do Renascimento (séculos XIV, XV e XVI), o Iluminismo foi o próximo momento da evolução do pensamento humano, e suas ideias mudaram o mundo, como veremos a seguir:


Acima, um quadro do pintor Anicet Lemmonier (1743/1824), que sintetiza o Iluminismo. Nele, vemos vemos uma reunião de iluministas, no salão de Madame Marie-Thérèse Geoffrin (1699/1777), em 1755, com a presença de Jean-Jacques Rousseau (1712/1778), Diderot (1713/1784) e D'Alembert (1717/1783), Montesquieu (1689/1755) e a própria Madame Geoffrin, entre outros, diante do busto de Voltaire (1694/1778). Observe os personagens citados, na imagem abaixo:


À partir do nome e das ideias de alguns dos principais iluministas, vamos tentar relacionar algumas das principais ideias do Iluminismo:

I - Prússia: no Reino da Prússia (parte da atual Alemanha), o nome de destaque foi:

a) Immanuel Kant (1724/1804): para muitos, Kant foi o principal filósofo da Era Moderna. Ele uniu o Racionalismo de René Descartes, Baruch Espinoza e Gottfried Wilhelm Leibniz com o Empirismo britânico de David Hume, John Locke e George Berkeley. Suas principais obras são Crítica da Razão Pura (1781), Crítica da Razão Prática (1788) e Crítica do Julgamento (1790).


II - Escócia: esse país era um dos mais pobres e remotos, no Século XVIII, mas foi ali que nasceram dois nomes importantes, do pensamento ocidental:

b) David Hume (1711/1776): esse filósofo e historiador escocês era um empírico radical, formando uma trilogia, com John Locke e George Berkeley. Hume abriu caminho à aplicação do método experimental aos fenômenos mentais. Suas obras mais conhecidas foram Tratado da Natureza Humana (1740) e Investigação Sobre o Entendimento Humano (1748).


c) Adam Smith (1723/1790): o campo de estudo desse escocês foi a economia, sendo que ele é o mais conhecido teórico do Liberalismo Econômico, uma teoria que é seguida por muitos até os dias atuais. A sua principal obra é Uma Investigação Sobre a Natureza e A Causa da Riqueza das Nações (1776). Segundo ele, a riqueza das nações resultava da atuação de indivíduos que, movidos inclusive (e não apenas exclusivamente) pelo seu próprio interesse (self-interest), promoviam o crescimento econômico e a inovação tecnológica.


III - Inglaterra: com a Revolução Gloriosa (1688 a 1689), a Igreja Católica foi definitivamente afastada do trono, e tornou-se possível avançar no pensamento, sem o temor de perseguições religiosas. Nesse contexto, destacaram-se as ideias de:

d) John Locke (1632/1704): foi um filósofo inglês, conhecido como "Pai do Liberalismo", além de ser o principal representante do empirismo britânico e um dos principais teóricos do contrato social. Também foi um defensor da liberdade e da tolerância religiosa. Segundo ele, a mente humana era uma tábula rasa (uma "folha em branco") que se preencheria com as experiências. Escreveu Ensaio Sobre o Entendimento Humano (1689), onde desenvolveu a sua teoria sobre a origem e a natureza do conhecimento.


IV - Estados Unidos: no Século XVIII, os Estados Unidos ainda eram colônias britânicas. Ali, as ideias iluministas chegaram de forma mais radical, e influenciaram os Founding Fathers (pais fundadores), que acabariam fomentando a Independência (libertação):

e) Benjamin Franklin (1706/1790): era um polímata (pessoa cujo conhecimento não se restringe a uma única área). Fez estudos sobre eletricidade e meteorologia, inventou o para-raios, as lentes bifocais e o corpo de bombeiros norte-americanos. Também foi editor de jornais, fundou o primeiro hospital das colônias e participou ativamente do processo de Independência dos Estados Unidos da América, ajudando a redigir a famosa Declaração de Independência dos Estados Unidos da América (1776) e foi o primeiro embaixador americano na França.


f) Thomas Jefferson (1743/1826): foi o terceiro Presidente dos Estados Unidos (de 1801 a 1809) e o principal autor da Declaração de Independência dos Estados Unidos da América (1776). Ele foi um dos mais influentes Founding Fathers (os "Pais Fundadores" da nação), conhecido pela sua promoção dos ideais do republicanismo. Visualizava o país como a força por trás de um grande "Império de Liberdade" que promoveria o republicanismo e poderia combater o imperialismo do Império Britânico.


V - Portugal: nesse país, destacou-se o Marquês de Pombal que, durante o período em que foi Primeiro-Ministro (1756 a 1777), procurou aproximar-se do modelo inglês:

g) Marquês de Pombal (1699/1782): Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal e Conde de Oeiras foi Primeiro-Ministro durante o Reinado de D. José I (1714/1777) e, durante sua administração realizou várias reformas: acabou com a escravidão em Portugal (1761), expulsou os jesuítas de Portugal e das colônias (1759) e incentivou as manufaturas, entre outras. Mas, com a morte do Rei, ele foi tirado do poder por D. Maria I (1734/1816), e D. Pedro III (1717/1786), filha e genro de D. José I, que detestavam o Marquês.


VI - França: geralmente, esse país é automaticamente relacionado ao Iluminismo, por causa de seus pensadores, e por causa da consequência de suas ideias, que desencadearam a Revolução Francesa:

h) Montesquieu (1689/1755): Charles-Louis de Secondat, Barão de La Brède e Montesquieu tem, como obra máxima O Espírito das Leis (1748), onde criou a Teoria dos Três Poderes:

Para que não haja abuso, é preciso organizar as coisas de maneira que o poder seja contido pelo poder. Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as divergências dos indivíduos. Assim, criam-se os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, atuando de forma independente para a efetivação da liberdade, sendo que esta não existe se uma mesma pessoa ou grupo exercer os referidos poderes concomitantemente.

MONTESQUIEU, B. Do espírito das leis. São Paulo Abril Cultural, 1979 (adaptado).

i) Voltaire (1694/1778): Fraçois-Marie Arouet é considerado, por muitos, o maior filósofo francês. Foi um grande defensor da liberdade, em seus diferentes aspectos e, em suas mais de 70 obras (poemas, peças teatrais, romances, ensaios, obras científicas e históricas) e mais de 20 mil cartas, deixou críticas à Igreja, ao Absolutismo, aos privilégios do Clero e da Nobreza, sendo preso duas vezes (na terceira, fugiu para a Inglaterra). Suas obras mais conhecidas são Cândido (1759) e Tratado Sobre a Tolerância (1763), entre outras:


j) Jean-Jacques Rousseau (1712/1778): nasceu na Suíça, mas era descendente de franceses, e viveu muito tempo na França, onde morreu. Contribuiu com a Enciclopédia, mas suas obras mais conhecidas são Discurso Sobre A Origem da Desigualdade (1755) e Do Contrato Social (1762): 

TEXTO I

Tudo aquilo que é válido para um tempo de guerra, em que todo homem é inimigo de todo homem, é válido também para o tempo durante o qual os homens vivem sem outra segurança senão a que lhes pode ser oferecida por sua própria força e invenção.

HOBBES, T. Leviatã. São Paulo: Abril Cultural, 1983.

TEXTO II

Não vamos concluir, com Hobbes que, por não ter nenhuma ideia de bondade, o homem seja naturalmente mau. Esse autor deveria dizer que, sendo o estado de natureza aquele em que o cuidado de nossa conservação é menos prejudicial à dos outros, esse estado era, por conseguinte, o mais próprio à paz e o mais conveniente ao gênero humano.

ROUSSEAU, J.-J. Discurso sobre a origem e o fundamento da desigualdade entre os homens. São Paulo: Martins Fontes, 1993 (adaptado).

Os trechos apresentam divergências conceituais entre autores que sustentam um entendimento segundo o qual a igualdade entre os homens se dá em razão de uma condição original.


k) Denis Diderot (1713/1784): filósofo e escritor francês. Junto com D'Alembert, criou a Enciclopédia (1751 a 1772), uma obra em 35 volumes, com 71.818 artigos e 2.885 ilustrações:


l) Jean le Rond D'Alembert (1717/1783): juntamente com Diderot, criou a primeira Enciclopédia:


Crítica ao Mercantilismo: Os Fisiocratas


Toda a estrutura política e social do Absolutismo foi violentamente atacada pela revolução intelectual do Iluminismo. O Mercantilismo, doutrina econômica típica da época, também foi condenado e novas propostas, mais condizentes com a nova realidade do Capitalismo, foram teorizadas.

Os primeiros contestadores do Mercantilismo foram os fisiocratas. Para eles, a riqueza viria da natureza, ou seja, da agricultura, da mineração e da pecuária. O comércio era considerado uma atividade estéril, já que não passava de uma troca de riquezas. Outro aspecto da Fisiocracia contrariava o Mercantilismo: os fisiocratas eram contrários à intervenção do Estado na economia. Esta seria regida por leis naturais, que deveriam agir livremente. A frase que melhor define o pensamento Fisiocrata é: Laissez faire, laissez passer (Deixai fazer, deixai passar).

A Fisiocracia influenciou pensadores como Adam Smith, pai da economia clássica. Um dos principais teóricos da escola fisiocrata era um médico, François Quesnay (1694/1774).


DICIONÁRIO

CONTRATO SOCIAL: conjunto de teorias que procuram explicar porque as pessoas criam Estados, e como mantém a ordem social. Essas ideias demonstram que as pessoas abrem mão de certos direitos, pelo bem comum (a ordem social). Seria um acordo entre as pessoas, que cedem poder e autoridade a alguém, a fim de afastar-se do "estado de natureza" (sem regras, a não ser a consciência de cada um). Ou seja: o indivíduo abdica de sua liberdade, para viver numa ordem política. Os maiores contratualistas foram Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques Rousseau.

DÉSPOTA:  forma de governo na qual uma única pessoa governa com poder absoluto.

EMPIRISMO: o empirismo só acredita no que os sentidos podem experimentar.

FISIOCRACIA: (do grego "Governo da Natureza") é uma teoria econômica desenvolvida por um grupo de economistas franceses do século XVIII, que acreditavam que a riqueza das nações era derivada unicamente do valor de "terras agrícolas" ou do "desenvolvimento da terra" e que produtos agrícolas deveriam ter preços elevados (já que para eles a agricultura tinha um valor muito grande);

LIBERALISMO: é uma filosofia política e moral baseada na liberdade, consentimento dos governados e igualdade perante a lei. Os liberais defendem uma ampla gama de pontos de vista, dependendo da sua compreensão desses princípios, mas em geral, apoiam ideias como um governo limitadodireitos individuais (incluindo direitos civis e direitos humanos), livre mercadodemocraciasecularismo (Estado laico)igualdade de gênero, igualdade racial, internacionalismoliberdade de expressãoliberdade de imprensa e liberdade religiosaAmarelo é a cor política mais comumente associada com o Liberalismo.

RACIONALISMO: é a corrente filosófica que iniciou com a definição do raciocínio como uma operação mental, discursiva e lógica que usa uma ou mais proposições para extrair conclusões, ou seja, se uma ou outra proposição é verdadeira, falsa ou provável. Essa era a ideia central comum ao conjunto de doutrinas conhecidas tradicionalmente como Racionalismo. O racionalismo é em parte, a base da Filosofia, ao priorizar a razão como o caminho para se alcançar a verdade.

TEORIA DA SEPARAÇÃO DOS PODERES: o conceito da separação dos poderes, também referido como princípio de trias politica, é um modelo de governar cuja criação é datada da Grécia Antiga. A essência desta teoria se firma no princípio de que os três poderes que formam o Estado (legislativo, executivo e judiciário) devem atuar de forma separada, independente e harmônica, mantendo, no entanto, as características do poder de ser uno, indivisível e indelegável.

O objetivo dessa separação é evitar que o poder se concentre nas mãos de uma única pessoa, para que não haja abuso, como o ocorrido no Estado Absolutista, por exemplo, em que todo o poder concentrava-se na mão do rei. A passagem do Estado Absolutista para o Estado Liberal caracterizou-se justamente pela separação de Poderes, denominada Tripartição dos Poderes Políticos.



QUESTÕES

1) (ENEM 2013) Para que não haja abuso, é preciso organizar as coisas de maneira que o poder seja contido pelo poder. Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as divergências dos indivíduos. Assim, criam-se os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, atuando de forma independente para a efetivação da liberdade, sendo que esta não existe se uma mesma pessoa ou grupo exercer os referidos poderes concomitantemente.

MONTESQUIEU, B. Do espírito das leis. São Paulo Abril Cultural, 1979 (adaptado).

A divisão e a independência entre os poderes são condições necessárias para que possa haver liberdade em um Estado. Isso pode ocorrer apenas sob um modelo político em que haja

a) exercício de tutela sobre atividades jurídicas e políticas (  )

b) consagração do poder político pela autoridade religiosa (  )

c) concentração do poder nas mãos de elites técnico-cientificas (  )

d) estabelecimento de limites aos atores públicos e às instituições do governo (  )

e) reunião das funções de legislar, julgar e executar nas mãos de um governante eleito (  )


2)  (UEL PR/2001) “[O indivíduo], orientando sua atividade de tal maneira que sua produção possa ser de maior valor, visa apenas o seu próprio ganho e, neste, como em muitos outros casos, é levado como que por uma mão invisível a promover um objetivo que não fazia parte de suas intenções. (…) Ao perseguir seus próprios interesses, o indivíduo muitas vezes promove o interesse da sociedade muito mais eficazmente do que quando tenciona realmente promovê-lo.”

(SMITH, A. A riqueza das nações. São Paulo: Abril Cultural, 1983, p. 379-380).

Sobre o liberalismo, considere as seguintes afirmativas:

I – O liberalismo econômico, cujos princípios, como o livre comércio, a propriedade privada e a lei de mercado, favoreceram o desenvolvimento do capitalismo, teve em Adam Smith um de seus principais fundadores.

II – A sistematização das análises econômicas no livro História da riqueza das nações contribuiu para a definição da economia como ciência.

III – No trecho acima, Adam Smith denunciou os males do individualismo e do egoísmo econômico.

IV – A “mão invisível” citada por Adam Smith é uma metáfora que pode ser substituída pela definição liberal de mercado.

Assinale a alternativa correta:

a) Apenas as afirmativas I, II e III são verdadeiras (  )

b) Apenas as afirmativas I, II e IV são verdadeiras (  )

c) Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras (  )

d) Apenas as afirmativas I e IV são verdadeiras (  )

e) Todas as afirmativas são verdadeiras (  )

QUESTÃO OPCIONAL: leia o texto Liberdade de pensamento e expressão tem limites? Depois, responda esta questão!


Link: https://ensinarhistoriajoelza.com.br/iluminismo-liberdade-de-pensamento-e-expressao/






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