domingo, 7 de abril de 2013

Vivendo O Novo Século - Parte I

Como seria viver em 1900? Qual era a sensação de quem estava dando "adeus" para o Século XIX e "olá" ao Século XX? Esse é o desafio a que nos propomos, nesse post...Para tanto vamos, primeiramente, saber um pouco da Era Dos Impérios - 1875/1914, de Eric Hobsbawm:


Segundo Hobsbawm, essa época foi "a mais significativa na formação do pensamento moderno então em curso" (HOBSBAWM, op. cit., pág 16). Se pensarmos nas pessoas que nasceram no Século XIX, mas tiveram influência no Século XX, poderíamos citar, por exemplo, Levi Strauss (71 anos em 1900), Gustave Eiffel (68 anos em 1900), Cesare Lombroso (65 anos), Francisco Pereira Passos (64 anos), Machado de Assis (61 anos), Auguste Rodin (60), Pierre-Auguste Renoir (59), Karl Benz (56), Alexander Graham Bell, Thomas Edison, Bram Stocker e Chiquinha Gonzaga (53), Sigmund Freud e Nikola Tesla (44), Auguste Lumière (38), Henry Ford (37), Louis Lumière (36), Marie Curie (33), Nicolau II (32), Neville Chamberlain e Mahtma Gandhi (31), Lenin (30), Rosa Luxemburgo (29), Oswaldo Cruz (28), Santos Dumont (27), Winston Churchill e Lina Cavalieri (26), Isadora Duncan e Josef Stalin (22), Albert Einstein (21), Pablo Picasso e João XXIII (19) e Franklin Roosevelt, Monteiro Lobato e Getúlio Vargas (18), entre outros. Essa pessoas eram "maiores de idade", quando o Século XIX acabou.

Freud (1856/1939)

Mas, se formos pensar naqueles que ainda eram "crianças" quando da passagem de século, ainda podemos acrescentar Franz Kafka, John Maynard Keynes, Benito Mussolini e Coco Chanel (17 anos em 1900), Manuel Bandeira e Tarsila do Amaral (14), Heitor Villa-Lobos e Chiang Kai-Shek (13), Fernando Pessoa (12), Charlie Chaplin, Adolf Hitler, Antonio Salazar e Anita Malfatti (11), Agatha Christie e Charles De Gaulle (10), entre outros.

Chaplin (1889/1977)

Hobsbawm afirma que a "ruptura" do Século XIX ocorreu em 1914, com o advento da Grande Guerra. Mas, que mundo era esse, do Século XIX? Uma pista é a frase que ele colocou na página 19: essa data "foi considerada o marco do fim do mundo feito por e para a burguesia". Se formos pensar "quem" era a burguesia, deveremos retornar à Baixa Idade Média: os comerciantes que desenvolveram seus negócios nos burgos (cidades), passaram a ser chamados de burgueses:

Burgueses do Século XII

Mas, do Século XII ao Século XIX, muita coisa mudou. Os comerciantes, que faziam seus negócios nas feiras europeias  se espalharam pelo mundo, durante as Grandes Navegações, dominaram a África, a América, a Ásia e a Oceania; tiveram ajuda dos banqueiros, que podem ser chamados de burguesia financeira; acumularam capital e, durante o Século XVIII, criaram as indústrias. Assim, podemos chamar de burgueses os comerciantes, os banqueiros e os industriais, grandes empresários capitalistas, que viviam cada vez mais nas cidades, se afastando do campo. Assim, podemos dizer que a "paisagem" da burguesia era a cidade, com suas fábricas, ruas, população crescente, e crescentes problemas sociais:


A primeira nação a fazer essa "passagem" do Sistema Feudal para o Sistema Capitalista foi a Inglaterra: no Século XIII, os ingleses adotaram uma Constituição, e o rei tinha que governar com o Parlamento, o que foi um avanço; no final do Século XVII, com a Revolução Gloriosa, o rei passou a ter menos poder que o Parlamento e cerca de trinta anos depois (início do Século XVIII), já começava a investir na invenção de máquinas, que agilizassem a produção de mercadorias; no Século XIX, a Inglaterra, já chamada de Reino Unido, dominava terras da Ásia (China e Índia, principalmente), África, Oceania e América (EUA se libertou no Século XVIII):

 A Rainha Vitória (1819/1901) não era somente a rainha inglesa mas, de certa forma, governava o mundo. E seus filhos deram continuidade a esse poder imenso: Vitória (1840/1901) casou-se com Frederico III da Alemanha (1831/1888) e os dois foram pais do Kaiser Guilherme II da Alemanha (1859/1941) e da Rainha Sofia da Grécia (1870/1932); Eduardo VII (1841/1910) foi seu sucessor e casou-se com Alexandra da Dinamarca (1844/1925) e com ela teve vários filhos, entre os quais Jorge V (1865/1936) seu sucessor e a Rainha Maud da Noruega (1869/1938); Alice (1843/1878) foi casada com Luis IV de Hesse (1837/1892) e mãe da Czarina Alexandra da Rússia (1872/1918); Alfredo (1844/1900) casou-se com Maria Alexandrovna da Rússia (1853/1920) e foi pai da Rainha Maria da Romênia (1875/1938); Helena (1846/1923) casou-se com Cristiano de Schleswig-Holstein (1831/1917); Luísa (1848/1939) casou-se com John Campbell (1845/1914), nono Duque de Argyll; Artur (1850/1942) casou-se com Luísa Margarida da Prússia (1860/1917) e foi pai de Margarida, Princesa Consorte da Suécia (1882/1920); Leopoldo (1853/1884) casou-se com Helena de Waldeck-Pyrmont (1861/1922); e Beatriz (1857/1944) casou-se com Henrique de Battenberg (1858/1896) e foi mãe da Princesa Consorte Vitória Eugênia da Espanha (1887/1969):

Nesse quadro de 1846, pintado por Franz Xaver Winterhalter (1805/1873), podemos ver os príncipes Alfredo e Alberto Eduardo, a Rainha Vitória e o Príncipe Albert, e as princesas Helena, Alice e Vitória

Ou seja: a Família Real Britânica estava presente na Alemanha, Grécia, Noruega, Rússia, Romênia, Dinamarca, Suécia e Espanha, entre outras potências. E sua descendência vai desde ser avó do Kaiser Guilherme II da Alemanha, do Rei Jorge V do Reino Unido e da Czarina Alexandra da Rússia, parentes que ficaram em lados opostos, durante a Grande Guerra (1914/1918). Há um livro recente, que narra esse parentesco:




Nenhum comentário:

Postar um comentário