segunda-feira, 14 de maio de 2012

Texto 9 - Segundos Anos

Brasil - Ampliação das Fronteiras

Como sabemos, em 1494, foi assinado o Tratado de Tordesilhas, que dividia o mundo em duas partes: uma da Espanha e outra de Portugal (abaixo):


Mas, em 1580, com a União Ibérica, esse Tratado perdeu sua razão de ser. Assim, muitos colonos portugueses começaram a invadir terras espanholas. Eles foram chamados de bandeirantes.

As Bandeiras

Bandeiras eram as expedições que buscavam ouro, caçavam índios ou combatiam os quilombolas. Elas recebiam esse nome porque uma pessoa levava sempre uma bandeira, que simbolizava a família que financiava a expedição, assim como os brasões de armas medievais. Se a expedição fosse financiada pelo Governo, recebia o nome de Entrada.


Acima, podemos ver o Monumento às Bandeiras, feito por Victor Brecheret (1894/1955) em 1954. Ele fica em São Paulo, que é o ponto de onde muitas bandeiras saíram. São Paulo era, no século XVII, um povoado muito pobre, e por isso muitas pessoas tentavam a sorte organizando ou participando dessas expedições, que ficavam anos explorando o sertão.



A aldeia urbana

Conheça São Paulo em 1601.
Um arraial entre rios

Um dos limites urbanos era o Córrego Anhangabaú, hoje centro da cidade. Um muro de taipa 1 protegia a cidade de ataques de tribos inimigas. Do outro lado do rio era tudo mata.
A riqueza estava no campo. Perto da vila estendiam-se fazendas de trigo 2, que era exportado para o litoral, e plantações de marmelo. O doce, muitas vezes vendido com o peso adulterado, deu origem ao termo “marmelada”.

As ruas não tinham placas. Os endereços eram indicados com referências do tipo “ao lado da cadeia” 3 ou “vizinho ao padre”. Havia cerca de 150 casas.
As ruas eram desertas 4. A população passava a maior parte do tempo em fazendas ou no sertão, atrás de índios. Fundado em 1554 pelos jesuítas, o Colégio de São Paulo foi o primeiro edifício da cidade.
Galpão, doce galpão
A grossura das paredes de taipa 1 dava às casas o aspecto de fortaleza. Por dentro, eram galpões com depósito, oficina e cozinha. Não havia banheiro. As necessidades eram feitas no quintal. A mobília se resumia a tamboretes e baús 2.
Não existiam quartos nem camas, mas havia redes 3 em todos os cantos da casa. Como nas aldeias indígenas, cada morador tinha uma fogueira 4 ao lado da sua rede. São Paulo tinha muita floresta em volta e o clima era mais frio.
Armas 5 havia em abundância: escopetas, espingardas, bacamartes, arcos, flechas, espadas e alfanjes. E correntes para amarrar escravos.
Gente estranha
As mulheres paulistas 1 eram conhecidas como "tapadas", por andarem sempre cobertas por panos escuros, da cabeça aos pés. A maioria falava mal o português.
Escravas índias 2, a maior parte guaranis, auxiliavam nas tarefas domésticas e na roça. Era perigoso uma mulher andar sozinha. Bandos de índios armados, a mando de famílias rivais, atracavam-se em pleno centro da vila.
Os poucos brancos 3 tinham aspecto ameaçador. Andavam armados de punhais e arco e flecha.




Havia três tipos de Bandeiras:

a) Apresadora: eram as Bandeiras que caçavam índios para escravizar. Os bandeirantes apresadores mais conhecidos foram Manuel Preto e Antônio Raposo Tavares (1598/1659).

Século XVII: a invasão do sul

Durante trinta anos, os bandeirantes saquearam as missões espanholas.
Missões do Itatim 1630-1650
Missões do Guayrá 1619-1641
Missões do Tape 1630-1640

Se virando à paulista

Comer numa bandeira já era, por si, uma aventura. A primeira refeição do dia podia ser um macaco moqueado com uma pasta amarela e mofada de mandioca-brava, a chamada farinha de guerra.O grude era preparado meses antes, em São Paulo, e resistia a sol, chuva e baratas. Haja estômago. Mas isso só se você fosse índio. Para os brancos o rancho era um pouco melhor: farinha de milho, feijão e toucinho, o famoso “virado à paulista”, servido frio, mesmo. A dieta era complementada com a coleta de frutos, já que não dava para levar muita comida na bagagem nem das roças plantadas no caminho.“Muitas expedições eram marcadas para épocas que coincidissem com a colheita de frutas silvestres, como o pinhão”, contou à SUPER a historiadora Maria da Glória Kok, da Universidade de São Paulo. Quando a fome apertava e não havia caça nem pesca, entravam no cardápio até larvas, formigas, cobras, sapos e lagartos. E às vezes nem isso havia. Em 1722, quarenta membros da expedição de Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhangüera, morreram de inanição em uma chapada goiana.



Os espanhóis foram os primeiros colonizadores do Paraná. Em 1628, haviam 13 missões jesuíticas e dois povoados no Paraná. Manuel Preto e Antônio Raposo Tavares devastaram essa região: milhares de indígenas foram aprisionados, e levados como escravos, e os sobreviventes fugiram para o Paraguai e Argentina. Situação parecida aconteceu em Itatim (MT) e Tape (RS). 

b) Prospectora: eram as Bandeiras que procuravam ouro e diamantes. Os bandeirantes prospectores mais famosos foram Fernão Dias Pais (1608/1681) e Bartolomeu Bueno da Silva (1672/1740), o Anhanguera. As expedições organizadas por eles encontraram ouro em Minas Gerais, e foram fundadas as vilas de Mariana, Ouro Preto, Sabará e Diamantina. Também foi encontrado ouro em Goiás e no Paraná.

c) Sertanismo de Contrato: eram as bandeiras contratadas para prear índios e combater os quilombolas. O quilombo mais famoso foi o Quilombo dos Palmares, e seu líder mais conhecido (mas não o único), foi Zumbi.


O Brasil do Ouro

Graças às descobertas dos bandeirantes, o Brasil começou a se expandir. No século XVIII, o Brasil já era mais conhecido, que no século anterior. Abaixo, algumas das cidades fundadas por causa do ouro:

Mariana (MG) - Fundada em 1696

Sabará (MG) - Fundada em 1675

Diamantina (MG) - Fundada em 1831

Ouro Preto (MG) - Fundada em 1711

Goiás (GO) - Fundada em 1727

Paranaguá (PR) - Fundada em 1648

Curitiba (PR) - Fundada em 1693

Além do ouro, também merce destaque a criação de gado. No Século XVIII ele já era criado em estâncias no Rio Grande do Sul, e sua carne (charque) abastecia as cidades de Minas Gerais. No caminho feito pelos tropeiros também acabaram surgindo inúmeras cidades. Assim, podemos dizer que o tropeirismo foi um fenômeno ligado ao ouro. Abaixo, o mapa do tropeirismo no Paraná e o Monumento aos Tropeiros, na Lapa:

Cidades como Rio Negro, Lapa, Palmeira, Castro e Ponta Grossa, surgiram do tropeirismo

Monumento ao Tropeiro - Lapa (PR)



Um comentário:

  1. Tropeirismo? , Não entendi bem , maas enfim, bastante curiosidades nesse texto aqui. É interessante, esse fato de bandeiras. Então veio daí esse fato de Bandeirantes é professor?

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