terça-feira, 29 de maio de 2012

Texto 11 - Terceiros Anos

O Pós-Guerra e Os Anos 20

A Grande Guerra terminou em 1918, o mesmo ano em que irrompeu a Revolução Russa. O mundo não seria mais o mesmo, após esses eventos. Em 1919 foi assinado o Tratado de Versalhes, que pôs fim à Guerra. Seria assim tão fácil? Vejamos como ficou o mundo no Pós-Guerra:


A mudança mais visível foi política. Observando os dois mapas da Europa, um de 1914 e outro de 1918, percebemos que o Império Russo perdeu a Finlândia, a Estônia, a Letônia, a Lituânia e a Polônia. A Polônia acabou ficando com parte da Alemanha (o "Corredor Polonês") e do Império Austro-Húngaro. E o Império Austro-Húngaro desapareceu, aparecendo novos países em seu lugar: Tchecoslováquia, Áustria, Hungria. A Romênia cresceu e a Sérvia, Montenegro e outra parte da Áustria-Hungria viraram a Iugoslávia.

Os termos impostos à Alemanha incluíam a perda de uma parte de seu território para um número de nações fronteiriças, de todas as colônias sobre os oceanos e sobre o continente africano, uma restrição ao tamanho do exército e uma indenização pelos prejuízos causados durante a guerra. A República de Weimar também aceitou reconhecer a independência da Áustria. O ministro alemão do exterior, Hermann Müller (1876/1931), assinou o tratado em 28 de Junho de 1919. O tratado foi ratificado pela Liga das Nações em 10 de Janeiro de 1920. Na Alemanha o tratado causou choque e humilhação na população, o que contribuiu para a queda da República de Weimar em 1933 e a ascensão do Nazismo.


República de Weimar - a República foi proclamada em 1919, na cidade de Weimar. Terminou em 1933.


Liga das Nações - órgão internacional, criado em 1919 e extinto em 1946. Ela se baseava nos 14 Pontos, citados pelo Presidente estadunidense Woodrow Wilson (1856/1924) em 1918.


Castigo - Pelo Tratado de Versalhes, a Alemanha deveria devolver a região da Alsácia-Lorena para a França (havia "ganho" em 1871), cedeu partes da Alta Silésia para a Tchecoslováquia e para a Polônia, mesmo contra a vontade dos cidadãos, aceitar a criação do Corredor Polonês, pagamento de uma indenização de 132 bilhões de marcos (eram 269, a princípio), além da proibição de se unir à Áustria, e de produzir armas, entre outras. Abaixo, o local de negociações:




Os acordos do Tratado de Versalhes eram complexos, e a Alemanha e a Áustria-Hungria, como perdedoras, foram excluídas das negociações. A Rússia também saiu, devido a negociações feitas com a Alemanha, em separado. Os Estados Unidos, a princípio concordaram, mas depois também se afastaram da Liga (ou Sociedade) das Nações. Por fim, o Japão e a Itália também se afastaram, deixando apenas três nações decidirem tudo: a Inglaterra (Primeiro-Ministro David Lloyd George - 1863/1945), França (Primeiro-Ministro Georges Clemenceau - 1841/1929) e o Presidente dos EUA, Woodrow Wilson.



A França e a Bélgica é que mais reclamavam, pois foram devastadas durante a Guerra (foto acima). Londres não tinha sido tão duramente atacada, mas a Inglaterra também teve gastos. No quadro abaixo, as vítima da Tríplice Entente (esquerda) e da Tríplice Aliança (direita):

Vítimas
Mortes militares: 5 milhões
Mortes civis: 6 milhões
Total: 11 milhões
Mortes militares: 4 milhões
Mortes civis: 4 milhões
Total: 8 milhões


Quem lucrou com a Guerra foi os Estados Unidos. Antes da Guerra, esse país já havia se desenvolvido, principalmente por idéias inovadoras, com a do Fordismo (quadro abaixo):


Henry Ford (1863/1947) desenvolveu o conceito do Fordismo: a produção em grande quantidade de automóveis a baixo custo por meio da utilização do artifício conhecido como "linha de montagem", o qual tinha condições de fabricar um carro a cada 98 minutos, além dos altos salários oferecidos a seus operários — notavelmente o valor de 5 dólares por dia, adotado em 1914Ford via no consumismo uma chave para a paz, o que o levou certa vez a dizer: "o dinheiro é a coisa mais inútil do mundo; não estou interessado nele, mas sim no que posso fazer pelo mundo com ele"

A propaganda já era utilizada, para "convencer" as pessoas a comprar as mercadorias. Num exemplo abaixo, até Papai Noel virou garoto-propaganda de automóveis:


Com o advento da Guerra, os EUA passaram a produzir em larga escala, não só para seu mercado interno, mas também para a Europa, cujas indústrias estavam fechadas ou tinham se adaptado, passando a produzir armamentos para o conflito. Assim, nos Anos 20, os EUA passaram a produzir como nunca, levando a solo norte-americano uma riqueza nunca vista, até então. Eram os "Loucos Anos 20":

Os "Loucos Anos 20"


Após a Primeira Guerra Mundial, os países da Europa estavam em ruínas, enquanto que os Estados Unidos tinham grande prosperidade, por causa da produção e exportação de grande quantidade durante a guerra. Com o aumento da produção, os Estados Unidos, durante a década de 20, tinham crescimento e prosperidade suficientes para dominar outros mercados, como na América Latina. Era o chamado "Loucos Anos 20". O consumo havia aumentado, a indústria criava o tempo todo bens de consumo, boates e clubes viviam cheios e o cinema tornava-se uma grande diversão. Com essa prosperidade, as ações eram valorizadas. Essa situação afetou outros países, como o Brasil, que exportava seu café pros EUA.



«Os anos 20 foram anos de prosperidade. O "American way of life("estilo de vida à americana") invadiu a Europa. Aos benefícios da sociedade de consumo associou-se a busca de prazer e da evasão intensificaram-se, com a vida noturna. Os teatros, os cinemas, os night-clubs e outras salas de espetáculos e de jogos das grandes cidades tornaram-se locais habitualmente frequentados. As novas bebidas (cocktail), as novas músicas (sobretudo o jazz) e as novas danças (charlestonlambeth walkswing e rumba) passaram a animar a vida noturna.  Rallies de automóveis, corridas de carros e de cavalos e outros desportos (como o futebol) constituíam outros divertimentos que envolviam grandes massas.
O rápido desenvolvimento dos meios de transporte (comboio, automóvel, avião) e dos meios de comunicação (rádio, telégrafo, telefone...) acelerou o quotidiano das pessoas, favorecendo uma maior mobilidade espacial e do ritmo de vida. A moda de viajar entrou nos hábitos e prazeres das classes médias. Às viagens de negócios acrescentaram-se as viagens lúdicas, de turismo, quer no interior dos próprios países, quer para países estrangeiros, criando-se e desenvolvendo-se novas infra-estruturas para apoio destes lazeres: agências de viagens, serviços de hotelaria especializados, mapas, guias turísticos, cartões-postais ilustrados, etc.
Rodolfo Valentino (1895/1926) e Gloria Swanson (1899/1983), dois astros da época

New York em 1922

Ernest Hemingway (1899/1961), escreveu 
O Sol Também Se Levanta (1926) e Adeus às Armas (1929)

Mulheres numa praia da Califórnia, 1925

A dançarina Josephine Baker (1906/1975) provocou escândalos nos Anos 20

Casal dançando Charleston, na capa da revista Life

Clara Bow (1905/1965), a garota do It e de Wings (1927)

Nomes da Época:


1) Josephine Baker (1906/1975): cantora e dançarina estadunidense, se naturalizou francesa em 1937;
2) Samuel Beckett (1906/1989): dramaturgo e escritor irlandês, escreveu Esperando Godot;
3) Georges Braque (1882/1963): pintor e escultor francês, fundou o Cubismo com Picasso;
4) Pablo Picasso (1881/1973): pintor e escultor espanhol, fundador do Cubismo, com Braque;
5) André Breton (1896/1966): poeta e escritor francês, idealizador do Surrealismo;
6) Igor Stravinski (1882/1971): compositor, pianista e maestro russo;
7) Coco Chanel (1883/1971): estilista francesa, criadora da Maison Chanel;
8) Marcel Duchamp (1882/1968): pintor, escultor e poeta francês;
9) Isadora Duncan (1877/1927): bailarina estadunidense;
10) T. S. Eliot (1888/1965): poeta, dramaturgo e crítico literário inglês, escreveu The Name of Cats;
11) Scott Fitzgerald (1896/1940): escritor estadunidense, escreveu The Great Gatsby;
12) George Gershwin (1898/1937): compositor estadunidense, compôs Rhapsody in Blue;
13) Ernest Hemingway (1899/1961): escritor estadunidense, escreveu Por Quem Os Sinos Dobram;
14) James Joyce (1882/1941): romancista e poeta irlandês, escreveu Ulisses;
15) Cole Porter (1891/1964): músico e compositor estadunidense, compôs I've Got You Under My Skin










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